domingo, 1 de maio de 2011

CISMA DO POSTEIRO SÓ (Guido Machado Morais)



CISMA DO POSTEIRO SÓ    
                                              (Guido Machado Morais)
De espacito fui me acostumando ao mate solito.
Á ruminação de cismas e a enfrentar os silêncios.
E os olhos do cusco brasinando um eito de galpão.
Até versos compus ao som das labaredas
– elas também nas paredes silhuetando fantasmas com sua luz...
Uma guachita caracu, com a umidade dos olhos e nariz,
Se acerca e diz sua orfandade.
E o flete, vindo á ventana, reflete nos olhos e relinchos!
Ânsias de crina ao vento e algum rodeio violento entre oscos e brasinos.
Mas chove e não vou sair: vou seguir escutando, esse canto líquido vindo lindo das alturas, molhando a rude planura!
Desta alma despovoada.
Vou recorrer no pingo Recuerdo todas as encruzilhadas passadas
Fundos e rincões e os corredores interiores do campo coração...
De lá só repontarei fantasmas de novilhos haraganos
E cinzas de planos que douraram os anos de um andar intenso
Vivas cores de um lenço floreando o pescoço de um moço
Crente na certeza e beleza de chegar.
Ah! Leves jornadas e breves caminhos!
Ah! Cantos de outrora, cantos de esporas finando e virando os prantos de agora!
Assim mesmo, tranquearei por estradas já sem luz, revendo os nomes gravados pelos troncos dos umbus.
Sei que estarão disformes nesses troncos falquejados,
Ao lado de outros enormes, mais recentes caprichados...
Mas a sina será a mesma como o mesmo é o velho umbu
Ali, só os galhos mais fortes e maiores as raízes, porque amores felizes,
Duradouros, verdadeiros, só aqueles que se ocultaram nos ranchinhos dos barreiros!
De tudo uma dor eu trago neste xucro peito cru:
Ter feito tantos estragos nas tenras cascas do umbu...!

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