terça-feira, 11 de junho de 2013

Eu me vejo assim... Por Rogério Villagran



Eu me vejo assim...
Por Rogério Villagran
 
Redemunho de vento, viração de tormenta, poeira de volta do corredor, erguida pelo pisotear dos cascos do pingo de algum andejo, que assim como eu, é polvadeira de muitos caminhos...

Eu vivo assim...

Chapéu tapeado, espora atada, tirador grande na cintura, buçal na mão, atento ao grito de forma que faz eco dentro da alma do mensual... Aperto a cincha, busco a volta e sou forquilha, e o que falta pra quem não tem coragem de cortar o rastro da sorte, eu tenho de sobra atado nos tentos...

Eu sempre serei assim...

Bufo de gaita, bordonear de guitarra, milonga, chamamé e vaneira... Gritos de toda goela junto ao fiador de um rodeio, no costado de algum brete ou na solidão de um fundo de campo onde o clarear do dia traz para o mundo os meus anseios de liberdade... Anseios que eu reponto a grito... Que eu tapo de grito...

Eu me vejo assim, vivo assim e sempre serei assim...

Livre... Abagualado... Dono das minhas paixões... Escravo das minhas penas... Tropa, no reponte de algum encanto... Tropeiro, na minha obrigação de cada dia de marcha... Aporreado... Costeado... Judiado pelo sol que bronzeia o suor escorrido nas tardes de Janeiro. Ou talvez, acariciado, pelo clarão da lua, tão linda como se fosse o brilho dos olhos dela... Como se fosse ela querendo saltar na minha garupa, se eu não esquecer de um beijo em seu sorriso lindo, como desculpa para ter que voltar para buscar-lo no próximo domingo... Lua e sol... Tu e eu... Um pouco de cada, um muito de tudo... E assim sou e me vou...

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