terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Corpo de José Claudio Machado é enterrado em Guaíba

     Carreata e homenagens de personalidades do meio regionalista marcaram a despedida do cantor, compositor e gaiteiro gaúcho.

 Foto: Fernando Gomes / Agência RBS
     
     Morto na segunda-feira em decorrência de um enfisema pulmonar, o cantor, compositor e instrumentista José Claudio Machado foi enterrado no final da manhã desta terça (13), em Guaíba.
     Familiares, amigos, admiradores e diversas personalidades do meio regionalista como Gaúcho da Fronteira, Telmo de Lima Freitas e Dorotéo Fagundes prestaram suas homenagens durante o velório, realizado na Câmara de Vereadores, em Guaíba, onde Machado viveu seus últimos anos. O corpo foi transportado para o cemitério em um caminhão dos bombeiros que cruzou as ruas de Guaíba.
     Zé Claudio, como era chamado pelos mais próximos, nasceu em Tapes e tinha 63 anos. Chegou a ser parceiro do pajador Jayme Caetano Braun (1924 – 1999), deu voz a alguns dos mais belos versos do compositor Mauro Moraes e esteve à frente d'Os Serranos numa das melhores fases do grupo, nos anos 1980 – aquela em que gravaram o disco de ouro Isto É... Os Serranos.
     Entre suas canções mais marcantes estão Pelos, Lástima, Milonga Abaixo de Mau Tempo e Pedro Guará. Esta última, composta a quatro mãos com Cláudio Boeira Garcia, foi a vencedora da segunda edição da Califórnia da Canção Nativa, em 1972 – época de ouro do festival uruguaianense que hoje é patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.
     Cantava e compunha, mas também era um gaiteiro de mão cheia.
– Se hoje sou músico, devo isso a Machado – diz Renato Borghetti, o Borghettinho. – No final da década de 1970, eu ia ao 35 CTG com meu pai e só ficava observando-o tocar. Era um cara diferente, que centralizava as atenções. Os movimentos dele, a técnica com a gaita, tudo para mim era uma referência. Não havia aula melhor.
 
     "Tinha o coração do tamanho do mundo", lembra Enon Cardoso sobre José Cláudio Machado
 Foto: Lauro Alves / Agência RBS
    
     Há seis meses na luta contra um enfisema pulmonar, o cantor e compositor nativista José Cláudio Machado morreu na tarde de segunda-feira no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, aos 63 anos. Vencedor da Calhandra de Ouro na 2ª edição da Califórnia da Canção Nativa, em 1972, tinha uma característica marcante, conforme o amigo de infância Enon Cardoso: "tinha o coração do tamanho do mundo".

— O Rio Grande perdeu um dos seus maiores ídolos. Era amigo de todos, não fazia mal a ninguém e sempre defendeu a amizade. Também muito dedicado à mulher (a arquiteta Mírian Quadros Machado) — disse Enon durante o velório do músico na Câmara de Vereadores de Guaíba.

    Considerado um dos grandes representantes da canção gauchesca, o tapense, nascido no dia 17 de novembro de 1948, foi motivado por familiares desde a infância a cultivar a tradição. Além da voz marcante, o artista, que se "notabilizou por cantar o cavalo", conforme o amigo Enon, também demonstrava o talento no manuseio da gaita:

— O que poucas pessoas lembram é que antes mesmo de cantar o "Zé" era um grande gaiteiro. Ele foi um dos inspiradores do Borghetinho (Renato Borgheti) a tocar com a gaita de oito baixos. Inclusive foi ele quem deu a primeira gaita ao Borghetinho.

      A amizade entre Enon e José Cláudio rendeu ao cantor um quarto especial na casa do dono da Rádio Tapense. O cômodo era utilizado durante as visitas esporádicas à terra natal:

— Eu mandei fazer um quarto no galpão só para ele. A gente brincava que quando outra pessoa me visitava tinha que ligar para o Zé e pedir autorização — relembra.

      Outro parceiro de Machado foi o compositor Mauro Moraes, o qual teve seus maiores sucessos cantados pelo tradicionalista. Em participação no 5º Relincho da Canção Nativa, no início de novembro, em Pantano Grande, Moraes cantou Milonga Abaixo de Mau Tempo — sucesso da música gauchesca —, dedicando-a à saúde do companheiro . Na ocasião, lembrou a doença de José Cláudio e foi aclamado pelo público ao homenageá-lo.

      O enterro do corpo de José Cláudio Machado será às 11h desta terça-feira no Cemitério Municipal de Guaíba, onde viveu seus últimos anos.

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